sexta-feira, 11 de maio de 2018

Se me quiser é na base do amor

Oração do fariseu moderno

Graças Te dou, ó Pai, porque estou casado com a mesma mulher há 40 anos, e não sou como esses infiéis e adúlteros que já estão no terceiro casamento!
Graças Te dou, ó Pai, porque ganho o meu pão com o suor do meu rosto, e não sou como esses preguiçosos arruaceiros “esquerdopadas” que vivem pendurados no bolsa-família!
Graças Te dou, ó Pai, porque continuo fiel às santas doutrinas do capitalismo, e não sou como esses malditos socialistas e comunistas que vivem falando em distribuição de rendas e divisão das riquezas dos outros!
Graças Te dou, ó Pai, porque sou um homem de sucesso, posso pagar escola particular para meus filhos e bons médicos e bons hospitais para tratar da saúde da minha família, e não sou como os demais que precisam colocar seus filhos em escolas públicas e dependerem da saúde pública, e ainda passar pela vergonha de serem atendidos por esses malditos médicos comunistas cubanos!
Graças Te dou, ó Pai, porque sei que se todos trabalhassem como eu tenho trabalhado alcançariam a prosperidade e não precisariam ficar com essas idéias de jerico na cabeça!
Graças Te dou, ó Pai, porque sei que essa minha bendita prosperidade só foi possível porque vivo num país capitalista, caso contrário, eu estaria dependendo da educação pública e da saúde pública como esses infelizes publicanos!
Adriano Pereira de Oliveira
Tapiraí, São Paulo, Brasil, 11 de maio de 2018.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Farofa financeira

Confesso que de vez em quando fico muito angustiado quando penso na farofa financeira praticada por algumas igrejas e instituições religiosas.

O que eu chamo de farofa financeira é o jeito que algumas igrejas e instituições religiosas adotam no levantamento e aplicação dos recursos financeiros.

Exemplo, a igreja recebe dízimos e ofertas regularmente para a manutenção dos seus serviços, e ao mesmo tempo pede aos irmãos que dêem uma oferta especial para comprar o lanche da festinha das crianças ou para outra coisa qualquer.

No meu entendimento, isso demonstra uma desorganização financeira, uma farofa financeira, ou uma chantagem emocional. O certo seria a igreja fazer um orçamento com entradas e saídas e especificar em que seria gasto o dinheiro recebido através de dízimos e ofertas.

Outro exemplo, uma instituição missionária recebe das igrejas parte do plano cooperativo e o total das ofertas missionárias levantadas em dias especiais com a finalidade de sustentar os missionários nomeados ou contratados por ela, e ao mesmo tempo pede aos referidos missionários que visitem as igrejas procurando quem os adote financeiramente, quem os sustente financeiramente, ou pedindo dinheiro para comprar escovas de dente para as crianças desse ou daquele campo missionário.

O certo, a meu ver, seria cada instituição missionária fazer a opção por um dos modelos de sustento, ou seja, quer sustentar os seus missionários através dos recursos do plano cooperativo e das ofertas missionárias ou quer adotar o plano de adoção missionária?

Dou meus parabéns à MIAF e à JOCUM porque já fizeram essa opção, cada missionário tem que correr atrás do seu sustento, e ponto final. 

Não estou dizendo que essa seja a melhor opção, mas estou dizendo que é necessário fazer uma opção, ou seja, cada instituição missionária precisa escolher que modelo de levantamento e aplicação de recursos irá adotar. E cada igreja precisa fazer a mesma coisa. Caso contrário, estarão praticando uma farofa financeira, uma desorganização financeira, e contribuindo para que a vida do povo de Deus seja uma farofa financeira, uma desorganização financeira.

Tenho dito.

Adriano Pereira de Oliveira,
Pastor Batista da Convenção Batista Brasileira desde 1972.
Tapiraí, São Paulo, Brasil, 3 de maio de 2018.